domingo, 20 de novembro de 2011

Amor Radical ou emoções baratas?

» por Pedro Kupfer
Radha & Krishna
Hoje em dia, está na moda ficar. Pessoas ficam. Por exemplo, ouvimos dizer que Fulano ficou com Sicrana. Demorei um pouco para entender o que era esse tal de ficar. Ainda bem que tenho um dicionário em casa: aprendi que ficar é “manter com (alguém) convívio de algumas horas, sem compromisso de estabilidade ou fidelidade amorosa”. Traduzindo: ficar é viver um relacionamento amoroso avulso. Emoções baratas (cheap thrills), diria Janis Joplin.

Devo estar ficando velho (na outra acepção do termo): não consigo compreender o sentido dessa perda de tempo e energia, desse desgaste e dessa irresponsabilidade em relação aos sentimentos do outro. Para mim, pelo que entendo da visão do Yoga sobre a vida, o amor envolve um grau tão alto de compromisso nos relacionamentos, que aventuras desse tipo ficam imediatamente descartadas.

O yogi, acredito, não quer perder tempo, nem dispersar sua energia, nem ferir os sentimentos de outrem. O yogi de verdade está no processo de libertação (moksha), e busca a mesma inspiração no estudo da filosofia, na prática e nos relacionamentos amorosos. Ele não está atrás dessas emoções baratas, mas do Amor Radical.

Há muita controvérsia em torno da definição do amor. Quando dois humanos tentam descrever esse sentimento, suas definições são quase sempre diferentes. Isso, em caso de chegarmos no consenso de que o amor é de fato um sentimento, coisa bastante questionável, como veremos nesta reflexão.


Amor = sofrimento?


Todos sofremos de amor: seja pela ausência, por medo dele, ou por medo de que ele nos falte. Por que isso acontece? Por que sofremos tanto com algo que deveria nos trazer felicidade? Quando morre alguém que amamos, sofremos. Quando alguém que amamos nos é indiferente, sofremos. Quando morre o amor que nutrimos por alguém, sofremos também. Esse sofrimento é universal, e parece estar baseado numa compreensão equivocada do que seja o amor.

Quando estamos carentes, vemos o amor pelo outro como uma tábua de salvação, uma espécie de transferência da responsabilidade pela nossa própria felicidade para o objeto de amor. Isso significa que, distraidamente, delegamos ao outro a tarefa de nos fazer felizes. Coitado do outro! Ele nem imagina onde está se metendo, nem suspeita qual é o tamanho da missão que, sem aviso, nós delegamos a essa pessoa.

Acredito que isso aconteça porque não compreendemos a natureza do amor. Não sabemos nada sobre ele, que não estejacondicionado pela emocionalização da nossa ignorância e pelos nossos condicionamentos culturais. Não conseguimos pensar além dos valores que a sociedade nos impõe, e essa limitação torna-se uma fonte inesgotável de sofrimento.

O amor é transformado num sentimento por conta da nossa interpretação pessoal, tingida por condicionamentos e lembranças, valores sociais, e a imagem distorcida que temos de nós mesmos. Como projetamos nosso passado no presente o tempo todo, o amor parece evaporar-se depois de pouco tempo. Consequentemente sofremos, ficando à mercê da próxima queda no abismo da montanha russa emocional.


O Amor nos tempos do Veda


Rama e SitaComo admirador da cultura dos Vedas, faz muito sentido para mim o que a Brihadaranyaka Upanishad diz à respeito do amor, e que resolve a equação amor/sofrimento. Esse ensinamento pode nos parecer, ao primeiro olhar, radical e desconcertante.

Numa passagem desse texto, cujo título poderia ser traduzido mais ou menos livremente como “A Grande Floresta do Conhecimento”, o sábio Yajñavalkya está prestes a renunciar ao mundo. Isso inclui as riquezas, a própria família e, obviamente, o amor que ele tem por ela.

Ele chama Maitreyi, sua esposa, e lhe diz que está indo embora para morar na floresta, para levar uma vida decontemplação, dedicada ao autoconhecimento. Também lhe diz que irá deixar todas suas riquezas com ela e sua segunda esposa, Katyayani.

Maitreyi pergunta se essas riquezas poderão dar para ela aquilo que ele está buscando na vida de contemplação. Ele responde com estas palavras: “Não, sua vida seria apenas igual à daqueles que têm riquezas. No entanto,não há a mínima chance da imortalidade ser obtida através da abundância.”

Então Maitreyi disse: “O que deveria eu fazer então, com aquilo que não me torna imortal? Ensine-me, venerável senhor, sobre Aquele que você conhece como o único meio de se alcançar a imortalidade.

Depois, lhe dá uma definição de amor que pode parecer-nos perturbadora ou “egoísta”, respondendo com estas palavras: “Minha querida, você já era minha amada antes, e agora menciona o assunto que me é mais caro. Venha e sente-se: irei lhe explicar. Enquanto lhe explico, medite sobre o que lhe digo:

“Em verdade, não é pelo amor ao esposo, minha querida, que o esposo é amado: ele é amado pelo amor ao Ser que, em sua natureza real, é uno com o Ser Ilimitado. Em verdade, não é pelo amor à esposa, minha querida, que a esposa é amada: ela é amada pelo amor ao Ser. Em verdade, não é pelo amor aos filhos, minha querida, que os filhos são amados: eles são amados pelo amor ao Ser.”

Isso significa que, quando amamos uma pessoa, não estamos amando ela pelo que ela é, mas pelo que ela evoca em nós: a pessoa simples, pacífica e plena que essencialmente somos. Isso, contrariamente ao que possa parecer, não é egoísmo. Deixando de ver o amor como uma emoção, posso cultivar o desapego em relação aos meus próprios sentimentos. Assim, poderei me livrar do sofrimento que inevitavelmente advém quando estou identificado com eles. Dessa maneira, poderei igualmente aliviar o outro da responsabilidade de me fazer feliz. Isso seria exatamente o oposto do egoísmo.


O Amor não é uma emoção


Prana Yoga Journal nº 11, de novembro de 2007Assim, o amor não seria uma emoção ou uma sensação. Uma emoção é uma reação orgânica a um pensamento, acompanhada por mudanças na respiração e na pressão sanguínea. Amor é um estado de paz, advindo do conhecimento de si mesmo como alguém completo, simples,feliz e satisfeito. Por esse motivo, não devemos confundir paixão ou volúpia com amor de raiz. Se, em presença do ser amado, fico em estado de plenitude, satisfeito e em paz, isso acontece porque a pessoa que amo desperta em mim o amor pelo Ser que eu sou.

Dharma, literalmente, significa “aquilo que mantém unido” e é uma palavra que se traduz como harmonia intrínseca, ordem, lei natural. Amor é igualmente um estado de coesão intrínseca, uma força protetiva que envolve grupos de pessoas, famílias ou amantes. Nesse sentido, podemos dizer que amor é dharma. A conexão entre amor e dharma, então, torna-se óbvia. Se o dharma é a cola que mantêm unidas as pessoas, isso não pode ser diferente do amor. Amor pelo Ser, então, é Amor Radical.

Nós não precisamos abandonar nossas vidas e ir para a floresta, como faz o sábio daUpanishad, para reconhecer o amor dessa forma, cultivá-lo desapegadamente e viver uma vida mais plena e feliz. Basta apenas reconhecer a plenitude em nós mesmos, e olhar com responsabilidade para aqueles que amamos, sendo compassivos e não-violentos em relação ao mundo. Namaste! __/\__

Uma “nova” ética para os relacionamentos amorosos

Khajuraho
» por Rosana Biondillo

Por ter, como todos vocês que me lêem agora, passado por algumas amargas experiênciasno setor dos relacionamentos amorosos, comecei a prestar mais atenção à minha volta, procurando entender pelo menos um pouco do que andou me acontecendo.

Não sei se entendi, mas minhas observações estão se transformando numa pesquisa informal: observo as atitudes de pessoas que eu conheço, que são somadas aos comentários que ouço e aos desabafos que escuto. E, pasmem, depois de um tempo fazendo isso, passei alguns meses me sentindo quase um lixo de mulher.

Querem saber por quê?

Porque eu “descobri” uma coisa que já anda acontecendo há séculos, mas que nunca antes me chamou tanto a atenção:


As pessoas fazem sexo primeiro pra descobrir se se gostam como pessoas depois!


Primeiro se transa, depois se vê se se admira.

Primeiro se transa, depois se vê se se respeita.

Primeiro se transa, depois se vê se se importa.

Esse comportamento antes era tido como masculino, porque os homens, mais do que as mulheres, costumavam agir assim. Homens traíam mais e selecionavam menos suas parceiras. Sem querer ser machista ou preconceituosa, essa era a idéia geral. Hoje, não mais.

Hoje, de acordo com algumas estatísticas mais recentes e pelos meus estudos informais, as mulheres traem quase na mesma proporção e já selecionam bem menos seus parceiros. A ponto de eu ter chegado a ouvir, de uma garota de apenas 18 anos, a seguinte constatação:

- É bom eu ficar com esse mesmo (leia-se: namorado), porque tá difícil de encontrar homem.

Embora chulas, essas foram as exatas palavras que escutei. E, considerando-se que estamos no século XXI, é tudo muito triste, não é?

Assim como já me foi triste ter que ouvir que eu sou muito sensível e que me importo muito em fazer a coisa certa. A sugestão que eu mais ouvi e ouço até hoje é:


Deixa rolar pra ver no que vai dar!


Confesso que passei uns tempos bem desanimada, até desapontada comigo mesma, simplesmente por não conseguir ser assim. Até que comecei a realizar que, apesar de tudo isso, essas mesmas pessoas, homens e mulheres, não estavam assim tão felizes. Pelo menos, nem um terço do que esperavam ser.

Descobri, também, que eles não conseguem ser tão espontâneos quanto gostariam, e que passam boa parte do tempo em elucubrações estratégicas para fazer o relacionamento racionalmente “valer a pena”.

Mas foi aí também que eu percebi uma coisa fantástica, que mudou meu olhar e me trouxe uma certeza reconfortante: é essencial poder ser diferente, embora não seja nada fácil.

Acabei, a duras penas, descobrindo que eu adoro poder ser mulher e ser feminina, que eu não gosto de medir forças quando me interesso sinceramente por um homem, e que eu admiro demais as pessoas que conseguem ficar sozinhas sem ser solitárias, quenão sucumbem a qualquer apelo pra ter alguém do lado.

Descobri que repugno essa safra de mulheres-profissionais e de homens-sazonais.

Descobri que a maioria é, quase sempre, burra (não estou falando de QI, mas de consciência) e que existem coisas que não se faz, mesmo que muuuuuuuuuita gente esteja fazendo1.

Descobri que a maior ética para qualquer relacionamento, especialmente aqui o homem-mulher, é tão antiga e tão suprema:


Não faça ao outro aquilo que você não gostaria que fizessem a você.


Não traia, a não ser que você ache o máximo ser traído/a; não brinque com os sentimentos de ninguém, a não ser que você receba de bom grado esse mesmo tipo de tratamento; não mantenha uma relação apenas por não ter ninguém melhor no momento ou por conveniência, ou apenas porque você não suporta nem a idéia de ficar sozinho/a.

O tempo é precioso demais pra não levar a lugar nenhum. Em resumo: não enrole!!!

Posso continuar escrevendo por horas a fio, mas acho que já deu pra entender.

Evoluir como seres humanos é tarefa árdua para homens e mulheres, sem distinção, pois em essência, somos todos um. Como dizia o filósofo Santo Agostinho: na essência a unidade, na aparência a liberdade. E como também dizia Krishnamurti: a liberdade não é uma reação – é um sentimento.

Em pleno século XXI, quando o assunto são os relacionamentos amorosos, a grande liberdade é saber se comprometer consigo mesmo: sem egocentrismos, sem possessividades, sem dependências, oferecendo apenas o seu melhor e fazendo despertar no outro o que ele tem de melhor

Retorno!!!

Olá, fiquei um pouco afastada do Blog, mas estou voltando com força total!!!
Minha Vida, Graças ao Divino está bem corrida, e não estou tento muito tempo pra escrever, mas estou voltando agora e dessa vez é pra ficar!!!! kkkk

Bjks!!!